quinta-feira, 23 de maio de 2013

Apareceu a Margarida

Num sono profundo dormia aquele pai
O menino acordou cedo
Tocou no pai
O susto do pai causou a reação do braço batendo no filho
Veio o choro do filho e depois do pai
"Pai, eu só vim dizer: apareceu a Margarida!"

quarta-feira, 20 de março de 2013

Siglas

Há algo sigiloso além das letras ocultas de uma sigla.
A sigla esconde um conteúdo de título
Camufla um real sentido que fica obscuro por detrás de poucas letras maiúsculas

Demônios encurtadores de palavras!
Libertem as letras!
Nos deixem ver o real significado de suas entranhas
Prolonguem-se para que não sejamos cegos

Só aceitarei sua camuflagem
Se responder que tem preguiça de ser inteiro
A preguiça é justificável na poesia

Então sugiro, depois de ti
Cole entre parênteses a palavra: preguiça

Do contrário
Me declaro inimigo deste seu micropoder.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Aonde estamos?

Em que ponto nos localizamos?
Se é que nossa localização seja um ponto.

Enxergo-me como nuvem
Poeria e poesia.

A carne onde me alojo é prisão.

Santa palavra que me liberta em nuvem
Há apenas uma oportunidade para fugir e, 
Como minúsculas partículas de água viajarei os mares e terras
Molharei campos de seca
Me afastarei do piquenique das famílias
Permanecerei num pico alto de neve como gelo para derreter
E me oferecer para qualquer um como líquido alimento
Evaporo e pinto de branco o fundo azul
E partirei na forma de uma caravela de algodão para quem quiser embarcar e não mais voltar.

Paro a palavra, volta a carne.
Dolorida e inchada em si mesma.

Aonde estamos?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Nuvem em dois tons

Foi completamente inesperado. Eu sentado lendo um livro e, eis que surge um lampejo artístico. Eram dois tons. Apenas dois cinzas de nuvens. O tom escuro veio com uma imponência, com pinta de general dominando o soldado raso tom claro. Os tons não impressionavam, mas o movimento que era produzido entre tom dominante e tom dominado era digno de uma tela de Rubens. Acho que muitos pintores apreciariam a cena.
Evitaremos dizer que o céu é feio quando surgem nuvens. O belo é o nosso olhar que cria.
Esta cena aconteceu hoje no céu de São Paulo.