sábado, 22 de fevereiro de 2014

Esqueci

Impuseram-me uma frase
Ordenaram que a guardasse

Repeti, repeti, tripeti
Grudou na memória

Como canção odiosa
Daquelas que viram mantra

Ladainha insuportável
Que tatua na mente

Um palhaço passou
Jogou seu charme de riso

Ih, esqueci!
Qual era a frase?

Salve, salve palhaço
Nunca esqueça de passar.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Compromisso pequeno

Um nó amarrava dentro
Aquela coisinha perturbava
Como pingo constante da torneira impertinente
Com coração batendo em revés
Pulsando em sustenido menor 

Tinha esquecido o que me avessava
Era algo sem resolução
Incomodava dissonante
Paralisia em suspensão
Grito engasgado
Suador na mão

Olhem só,
Era um compromisso pequeno
Em nó grande:
Levar uma carta de despedida para um amor platônico. 


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Luta diária

Por decreto indiscreto anunciaram:

"Mate um leão por dia!"

A palavra dita em exclamação contamina
Num credo que me faz matador

Nunca tive os trejeitos de furor
Que marca território aos rugidos

Queria me desgrudar de frases ditas
Que mascaram o meu dia

Que surdo eu seja
Para que o íntimo ser só eu

Apenas seja
Na dura complexidade de só ser.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Espaços que se desfazem em cinzas...

Pensado por homens
Idealizado em símbolos

Construído por homens
Cimentado com raízes

Utilizado por homens
Desfrutado em versos

Poetizado por homens
Imaginário em público

Ardido em chamas
Carvão em segundos

Os homens choram
A arte em cinzas

(Singela homenagem ao Liceu de Artes e Ofícios)