sábado, 16 de agosto de 2014

Café

É num café que se descobre quem se é

Tudo que se marchava em cotidiano 
A mesmice de repetidas ações embrutecidas
A endurecida estrutura de um real
O apego pelo mesmos casulos

Tudo se desmorona numa pausa de um café
Êta freio bom!

Se a pausa é combinada a dois
Melhor a chance de ser o que se é
Pois se é, sendo o outro
Sendo o próprio café

Borra que me desenha num futuro
Dizendo que o café é um pretexto
E  o que vale é o parceiro
E seu cheiro que se entrelaça com o que se é

Cheiro de café
Nos comande por palavras
Que não sei o que é
O que sou e quem o é

No momento que a descoberta 
Que dois em café é humano amando o que se é
Chega alguém  e apresenta
A conta da padaria do Zé

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Nortes oníricos

Foi num sonho que as tulipas apareceram
Uma mais branca que a outra formando um imenso tapete
Que cobriam o corpo da mulher

Mulher tulipa que exalava a dúvida
Me prendeu no seu intenso olhar
Estendi a mão e ela não soube me agarrar

As tulipas caíram desvelando o velado
Um véu de seda encortinou o caminho da branca mulher
Dúvidas de direção

Apontei para o fogo no seu coração 
Que ao olhá-lo, seu corpo já eram cinzas
A mulher tulipa dúvida virou pó

Não houve tempo para a escolha de um caminho
Eis que surge  o vento que se encarrega da escolha
Formou-se um rodamoinho de pó mulher tulipa

E como premonitório vento
Indicou que o caminho se volta para dentro
De dentro surge a fênix




sábado, 2 de agosto de 2014

Com dor

Atravessado engolido espremido encolhido
Espaço, respiro
Trancado amarrado sufocado amargurado
Espaço, suspiro
Arranhado esfolado rompido dilacerado
Espaço, seguro
Apertado mordido roído esfolado
Espaço, vivo

Sinto supõe-se vivo
Morto supõe-se vivido
Sentido supõe-se destino
Dói