segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Caderno vermelho

Foi surpreendente ver a caligrafia
Ver as palavras desagregadas fora das linhas
Num pequeno caderno vermelho
Que registrava dias e horários regulares
A poesia do caderno
Não era dito em palavras
Mas nos desenho do registro
No gesto do agrupamento das letras

Que prova de alma
Que prova de amor
Tudo dedicado ao seu professor
Numa crença de que há quem ensine

Grato aluna


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Anestésico

Permito-me amortecer-me as vezes
Ser tomado por anestésico semblante
Omitir qualquer desejo
Impedir-me ser pensante
Sem esforço para movimento
Paralítico na mente

Inventaram que isso mata
Que envelhece
Que a vida escapa

Que assim seja
Que me escape o tempo
Pois inventar é do homem
Paralisar é coragem mundana

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Abraço


Talvez seja o mais forte dos laços

Prólogo:
Só existe em dois
1 propõe
2 aceitam
Tudo começa 2
Tudo termina 1

Ato 1
Braços se abrem como num princípio de vôo
Corpos se tocam pelos corações
Os braços formam laços que não desatam
A batida cardíaca de um é trocada pela do outro
Tudo emaranhado na mesma pulsação
Numa coisa só
Quem recebe não sabe quem o é
Quem dá não sabe se o é

Ato 2
Enigmático gesto humano
De extremo calor
Que conforta, abriga e enraíza
Por que abraçamos?
Uma causa que não se explica de fato

Epílogo
Sorte daquele que o pratica com agrado
Azar daquele que o evita utilizá-lo
Ouso dizer que é o mais puro dos atos