sábado, 11 de julho de 2015

As Cartas

Já estou no tempo da tela
Do laptop que se impôs ao papel
Da correção em tempo imediato
Do sumiço de palavras que não validamos

A carta ficou num tempo lento
Onde gosto de permanecer
Quando quero um alento
Ou suplico por aconchego

Saudosa carta
De palavras borradas
Cujas lágrimas pintavam
Frutos da dor do homem

Borrar a palavras
Em lágrimas
É o mais belo e significativo
Privilégio da carta

Desmanchar palavras
Meu computador não o faz
Posso me derramar em pranto
Que nada irá modificar

Volto ao papel
Como volto a mim
Para me decompor
E por ali ficar

Onde há um cuidado em não errar
Antes de agir no palavrear
Um cuidado generoso
Ao sujeito destinatário

E um reconhecimento
De que sou remetente
Remetendo-me
Ao doce exercício de me amar





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